quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Treinamento

O que entender quando ouvimos a palavra treinamento?
O primeiro contato com a palavra soa familiar, mas, na realidade, é um conceito absolutamente abstrato ou extremamente simplista.
Para os leigos em esporte, principalmente àqueles que passaram um bom tempo de suas vidas como sedentários convictos, a palavra treinamento não abre uma perspectiva sobre o que é de fato o condicionamento físico e dúvidas simples começam a aparecer. Quem já não teve curiosidade de saber a resposta de perguntas como:
- como correr durante dez minutos pode melhorar a qualidade de vida de uma pessoa?
- porque necessariamente precisa-se correr?
- qual é a diferença entre correr e andar se a distancia percorrida é a mesma?
- porque em determinadas situações é melhor correr se quando andamos permaneceríamos mais tempo nos exercitando para a mesma distância alcançada?
- o que levantar pesos irá mudar nas minhas atividades diárias?
- qual deve ser o limite do exercício para este ter efeitos benéficos? Começar a transpirar, começar a sentir-se o cansado, permanecer sob esforço confortável ou chegar a exaustão completa?
Essas e muitas outras perguntas motivaram a criação desta fonte de conhecimento que nosso sítio na Internet pretenciona ser, mas, em tempo, são perguntas que qualquer pessoa gostaria que fossem respondidas assim que se pensa em iniciar uma atividade física regular. Essa incógnita sobre como realizar um condicionamento, que resultados buscar dentro do treinamento e os efeitos na vida diária que a rotina de exercícios irá criar desafia alguns recem-esportistas, desestimula outros e mantêm uma população importante realizando esforços físicos além de suas capacidades reais, tornando o exercício praticado em um mero esforço físico esporádico, sem perspectivas de melhora de desempenho e com riscos para a saúde.
É muito importante diferenciar um esforço físico esporádico de um treinamento para obter um melhor condicionamento físico, principalmente porque o primeiro predispõe o indivíduo a riscos importantes, ao contrário do treinamento visando um melhor condicionamento físico, que é capaz de modificar a qualidade e até mesmo a quantidade de vida.
Quem já praticou esportes tem uma idéia do que é um treinamento, mas normalmente esta idéia se limita ao conceito de sobrecarga. O conceito de sobrecarga nada mais é do que a suposição de que realizando uma determinada quantidade do esforço, além da capacidade física disponível, fará com que o organismo se adapte, e como resultado desta adaptação, realize o desempenho desejado.
A sobrecarga não deixa de ser um método de treinamento, mas ela sozinha não é um treinamento. O organismo não é cartesiano o suficiente para suportar cargas programadas de acordo com a volição do praticante. Diante disso, devemos estar atentos ao sinais e sintomas de que o estímulo físico está suficiente, insuficiente ou exagerado. Vale lembrar que o estímulo insuficiente não leva à carga ou volume de trabalho que se quer realizar, mas que o aumento indiscriminado deste estímulo leva a uma condição mais séria, da qual falamos na última edição: a síndrome do Overtraining.
Neste rápido bate-bapo chegamos a duas conclusões: a primeira é de que é necessário um plano de exercícios quando queremos realizar uma atividade física, mesmo quando esta é humilde no quesito resultados desejados, e principalmente nela porque o exercício esporádico mal orientado, mal direcionado e mal acompanhado (quando há acompanhamento) tende a ser perigoso para a saúde. Também para os atletas de alto rendimento, ou para aqueles que almejam ter performance semelhantes aos atletas em destaques na mídia é muito importante programar um treinamento para se evitar os efeitos mais nefastos do excesso de treinamento: as lesões esportivas por desgaste (isso sem falar no desempenho, porque este é o primeiro a ser afetado).
Na penúltima edição falamos sobre a desejada supercompensação, que é o aumento da capacidade de realizar um determinado trabalho gerada pelo organismo através de adaptações em resposta ao stress físico que o corpo foi submetido. E para permitir que essa supercompensação exista e se processe sem interrupção é necessário que um profissional habilitado e capacitado analise a rotina do aluno, dos hábitos de vida diários à performance esportiva, para poder realizar um treinamento que contemple a tríade (estímulo, nutrição e descanso), a aptidão natural do aluno e a disponibilidade de tempo deste tentando alcançar desta maneira o resultado esperado.
Como podemos ver, o treinamento é em verdade muito mais complexo do que podemos supor após um exame rápido. O treinamento desportivo, que faz jus a expressão, é tão somente o resultado da análise cuidadosa de fatores genéticos, disponibilidade de tempo, recursos nutricionais, horas de sono, série de exercícios, condições de treinamento, horário de treinamento, número de seções de treinamento e resultados esperados. A análise dessas variáveis irá gerar uma planilha que contemple estes fatores para que todos trabalhem em sinergismo buscando o resultado esperado, ou o mais próximo possível deste. E quem poderia cuidar de todos estes aspectos para o esportista? O mais correto seria perguntar quem em que momento. O treinamento desportivo, desde o momento de sua prescrição deve ser acompanhado por uma equipe multiprofissional para que o melhor atendimento seja oferecido. O começo deste "namoro" com o esporte deve se dar no consultório médico, onde este irá avaliar o estado geral de saúde para orientar e minimizar os riscos de lesões ou incidentes por abuso do organismo. Se tudo estiver bem, o próximo passo será procurar o educador físico ou treinador pessoal que faça uma planilha de treinamento de acordo com os dados obtidos do consultório médico, as metas do novo aluno e a avaliação que ele irá realizar das capacidades físicas deste. No caso de alguma patologia, por exemplo doenças musculares, o caminho é o do fisioterapeuta, que irá realizar a melhor conduta de reabilitação para deixar o paciente o mais próximo de iniciar o treinamento em busca de sua meta desejada. Por último, e tão importante quanto os outros profissionais, a nutricionista irá prescrever uma dieta que permita com que o proto-atleta melhore seu desempenho esportivo, alcance suas metas estéticas e aprenda a se alimentar para gozar de boa saúde.
Neste momento eu os convido a meditar sobre duas escolhas possíveis: treinar ou se esforçar periodicamente.

Um comentário:

NeuroAprendizagem disse...

Olá

Parabéns pelo Blog, pelo que vejo o estudo sobre Treinamento Físico trouxe maior conhecimento a respeito do assunto, espero que este conhecimento possa ser usado ao longo da vida por vocês.
Faltou a conclusão por cada pessoa do grupo!
Um grande abraço!

Prof. Wagner Luiz